A Primeira Comunhão

Uma boa ambientação e um drama bem conduzido, mas que se perde por falta de tensão

A Primeira Comunhão

O cinema espanhol tem se destacado nos últimos anos pelo grande número de produções de terror. Rec, O Orfanato são alguns dos exemplos, aos quais se junta este A Primeira Comunhão, dirigido por Víctor Garcia (de A Amaldiçoada e Espelhos do Medo 2).

Ainda que seja um filme simples em sua essência, com roteiro que não se esforça para fugir de clichês do gênero, o trabalho de Garcia entrega uma boa ambientação, apresentando elementos suficientes para que a história dos personagens principais possa se desenvolver além do mistério principal.

Contudo, o filme esbarra na falta de sustos, graças a uma condução parcimoniosa até demais, e em uma conclusão vaga e confusa, que deixa no ar a possibilidade de uma sequência, mas não conclui bem a história atual.

A menina do vestido branco

Independentemente da cidade em que você more, é bem provável que já tenha ouvido uma versão da lenda urbana de uma mulher vestida de branco que aparece misteriosamente à noite, em cemitérios ou lugares afastados. A Primeira Comunhão é uma espécie de derivado dessa história, mas adicionando alguns elementos mais já vistos em outras produções.

A Primeira Comunhão

Após uma noite na balada, duas amigas pegam uma carona para voltar para casa. No caminho avistam uma menina com vestido de primeira comunhão vagando pela estrada a noite. A busca pela jovem as leva a uma boneca velha, o elemento que esconde o mal. A partir disso, elas passam a ter visões e surgem marcas misteriosas na pele.

Apesar do plot pouco inovador, a primeira hora de filme se desenvolve de forma eficiente em termos de ambientação. Conhecemos melhor as amigas Sara (Carla Campra) e Rebe (Aina Quiñones), e entendemos as suas frustrações: uma vida sem muitos agitos, em uma cidade pequena, relações ruins com os pais e o desejo de deixar tudo para trás.

O problema está na história principal

É louvável que A Primeira Comunhão queira nos dar mais elementos para que conheçamos melhor as personagens principais. Isso funciona também graças à boa atuação da dupla, que mostra uma química agradável e nos motiva a ir adiante.

A Primeira Comunhão

Entretanto, o roteiro parece se esquecer que em um filme de terror é preciso ter algum suspense ou susto. Esses momentos são praticamente deixados em segundo plano e somente na metade do filme é que temos algumas cenas assim. Aqui temos somente clichês, com sustos provocados por efeitos sonoros, objetos se movendo sozinhos e coisas do gênero.

A conclusão de A Primeira Comunhão é ineficiente

Se em termos de ambientação A Primeira Comunhão acerta, o mesmo não se pode dizer da sua história principal. A explicação do mistério e a junção das pistas que leva ao clímax final é bastante ineficiente. Nem tudo é explicado e algumas coisas nem mesmo chegam a ser sugeridas.

A personificação do mal, se assim podemos dizer, surpreende, mas mais pelo fato de ter pouca conexão com o que foi visto até então do que pela sua forma. O resultado é um desfecho que deixa no ar a sensação de que alguma coisa não funcionou, ainda que o universo daqueles personagens seja suficientemente interessante.

Curiosamente, A Primeira Comunhão acerta muito mais no drama, aspecto que grande parcela dos filmes de terror negligencia, do que no terror propriamente dito. O filme até garante algum entretenimento, mas infelizmente é daqueles que deve se perder facilmente na memória depois de alguns dias por não deixar nenhuma marca mais pessoal no espectador.

Nota 6.

Sinopse

Espanha, final dos anos 80. A recém-chegada Sara tenta se encaixar com os outros adolescentes nesta pequena cidade da província de Tarragona. Se ao menos ela fosse mais como sua melhor amiga extrovertida, Rebe.

Eles saem uma noite para uma boate, e a caminho de casa, eles se deparam com uma garotinha segurando uma boneca, vestida para sua primeira comunhão. E é aí que o pesadelo começa.

Ficha Técnica

  • Título original: La Niña de la Comunión.
  • Origem/Ano: Espanha/2023.
  • Direção: Victor Garcia.
  • Roteiro: Guillem Clua.
  • Produção: Mercedes Gamero e Edmon Roch.
  • Fotografia: José Luis Bernal.
  • Montagem: Clara Martinez Malagelada.
  • Música: Marc Timón.
  • Elenco principal: Carla Campra (Sara), Aina Quiñones (Rebe), Marc Soler (Pedro), Carlos Oviedo (Chivo), Olimpia Roch (Judit), Maria Molins (Amparo) e Xavi Lite (Antonio).

Curiosidades

A Primeira Comunhão estreou nos cinemas da Espanha em 1 de fevereiro de 2023. No Brasil, estreou nos cinemas em 30 de março de 2023.

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