Belo Desastre é mais desastrado do que belo e oferece drama adolescente confuso
O gênero romance adolescente sempre foi prolífico na quantidade de história que oferece. Basta navegar pela Amazon e ver a quantidade de e-books de sucesso que abraçam o estilo. Belo Desastre bem poderia ser mais uma dessas histórias, mas se perde em um roteiro pouco objetivo e com uma personagem tão irritante quanto confusa.
Dirigido e escrito por Roger Kumble (Segundas Intenções), o filme carece de objetividade ao contar a sua história e coloca Abby Abernathy (Virginia Gardner) em uma situação complicada: ao mesmo tempo que permite à atriz mostrar as suas várias faces, por outro lado a coloca em uma colcha de retalhos na qual as sequências não combinam entre si.
Amor à primeira vista
Abby Abernathy é uma menina prodígio que está abandonando uma carreira de jogadora de pôquer em Las Vegas. Para isso, ela viaja para Sacramento, onde longe das asas do seu pai, espera poder cursar a faculdade em paz e ter uma vida comum. Acontece que tudo muda quando ela conhece Travis Maddox (Dylan Sprouse), um lutador que ganha dinheiro com lutas clandestinas.
“Conhece” é apenas um eufemismo para “amor à primeira vista”, uma vez que a moça transparece claramente as suas intenções com um simples esbarrão que ele dá sem querer nela. Daí em diante, uma série de coincidências faz com que ambos se aproximem e iniciem um relacionamento – ainda que mais de ódio do que de amor.
Maddox, mulherengo, está disposto a mudar por Abby. Abby, confusa, quer distância dele, mas ao mesmo tempo não quer. O conflito dela para admitir se gosta ou não de Maddox é o ponto central da trama e com pouco mais de meia hora de Belo Desastre, a pergunta no ar é: eles ficarão juntos ou não?
As múltiplas faces de Abby Abbernathy
Após estabelecida a premissa principal é que os problemas começam. Abby é uma menina com muitas dúvidas e muitos segredos, e sua atuação dá conta de transparecer isso na maior parte dos momentos. O grande problema são os momentos. As situações apresentadas soam forçadas ou desconexas e se desenvolvem sem maiores explicações.
A cena na qual Abby fala dormindo é o exemplo perfeito para ilustrar isso. Soa desconexo com a imagem que ela pretende passar e vai contra o desejo que ela quer ocultar. Situações como essa se repetem, em cenários nos quais muitas vezes uma simples ligação de celular seria o suficiente para resolver tudo.
Convenientemente, o roteiro escolhe que horas o celular “resolve” e que horas ele “some”. Não seria um problema, se não soasse tão forçado quanto a sequência que a leva de volta para Las Vegas, já próximo do ato final. Por causa de situações como essa, Belo Desastre se perde.
Uma colcha de retalhos mal construída
Aliás, falando em ato final, aqui está outro grande exemplo de como Belo Desastre se perde. Se a resposta que esperamos na introdução é se eles ficarão juntos ou não, a partir da metade do filme essa resposta pouco importa. Surgem tantos novos elementos que a ideia principal do filme já não importa mais.
Poderia ser uma ótima opção, se o roteiro fosse enriquecendo a relação entre os dois, com bases mais bem estabelecidas. Contudo, não é o caso. Abby ainda parece ter as mesmas dúvidas dos primeiros minutos de filme, ainda que o contexto e suas atitudes já tenham mudado completamente. É um personagem que evolui e regride quando bem entende, ou quando parece conveniente, ainda que a trama não justifique essas flutuações.
No final das contas sobram alguns poucos pontos positivos. A razoável química entre Dylan Sprouse e Virginia Gardner, sequências de luta interessantes e só. Nem mesmo os personagens secundários – America Mason (Libe Barer) e Jesse Viveros (Samuel Larsen) – oferecem algo de relevante.
Belo Desastre, infelizmente, faz jus ao nome, o que é uma pena.
Nota 5.
Sinopse
O bad boy Travis Maddox é exatamente o que a caloura Abby Abernathy precisa – e deve – evitar. Ele passa as noites em lutas clandestinas e durante o dia posa como o maioral da faculdade. Abby não quer nada com Travis.
Intrigado com a resistência de Abby às suas investidas, Travis oferece a ela uma aposta simples: se ele perder a próxima luta, ele deve ficar sem sexo por um mês. Se ele ganhar, Abby deve morar com ele pelo mesmo período de tempo.
De qualquer forma, Travis não tem ideia de que o passado sombrio de Abby está prestes a emergir, e ele pode finalmente ter encontrado o seu par.
Ficha Técnica
- Título original: Beautiful Disaster.
- Origem/Ano: Estados Unidos/2023.
- Direção: Roger Kumble.
- Roteiro: Roger Kumble, baseado em livro de Jamie McGuire.
- Produção: Mark Clayman, Jonathan Deckter, Roger Kumble e Brian Pitt.
- Fotografia: Joshua Reis.
- Montagem: Matthew Rundell.
- Música: Sam Ewing.
- Elenco principal: Virginia Gardner (Abby Abernathy), Dylan Sprouse (Travis Maddox), Michael Cudlitz (Jim Maddox), Austin North (Shepley Maddox), Autumn Reeser (Professor Felder), Brian Austin Green (Mick Abernathy), Libe Barer (America Mason) e Rob Estes (Benny).
Curiosidades
Belo Desastre estreou globalmente nos cinemas em 13 de abril de 2023.