Silo – Episódio 1 – Temporada 1

Crítica | Mentiras podem ser fatais, verdades também

Silo

Silo, a mais nova série de ficção científica da Apple TV+, é promissora e estabelece uma premissa interessante em desenvolvimento. A produção se baseia nos livros Silo, Ordem e Legado, trilogia escrita pelo norte-americano Hugh Howey.

Em um futuro distante, um silo subterrâneo abriga as últimas dez mil pessoas na Terra. Os habitantes vivem no local há 140 anos, mas não quando ou por qual razão o silo foi construído. Tudo o que sabem é que se forem lá fora, morrem. Quem tentar descobrir o motivo, também sofre as consequências.

Ambientação claustrofóbica é ponto alto

A opressão é a marca registrada que vemos no Episódio 1 de Silo. Intitulado “Dia da Liberdade”, nele conhecemos os personagens eo estilo de vida nos 144 pavimentos do silo. Praticamente ninguém parece querer saber a verdade, e em menor número ainda são os dissidentes que planejam se arriscar lá fora.

Silo - Temporada 1 - Episódio 1

Não deixa de ser propositalmente curioso vermos um marco de “liberdade” como a data em que ficaram presos para sempre no silo. É como celebrar a data do Golpe Militar de 1964 como se fosse algo bom, colocando fim às “ameaças externas” em prol da proteção.

De certa maneira, a proposta de Silo lembra muito a da série Expresso do Amanhã, com a diferença que aqui todos estão em um ambiente subterrâneo e não em um trem em movimento. Contudo, pavimentos de agricultura, engenharia e saúde, além divisões laborais e sociais claras são apenas algumas das semelhanças.

Veja a lista completa de episódios de Silo

A opressão do local é muito bem traduzida em uma paleta de cores envelhecida. A impressão que se tem é de que falta alguma coisa no local – sol, por exemplo, e vida, no melhor sentido. Ainda que “sobreviventes”, no sentido mais subserviente que a palavra possa expressar, a ignorância, nesse caso, é uma bênção.

Mentiras podem ser fatais, verdades também

Silo claramente se coloca como uma alegoria à opressão daqueles que detém (e manipulam) a informação sobre os que apenas necessitam de algo para acreditar. Em tempos de notícias falsas, narrativas controladas e revisionismo histórico, nada mais atual do que uma trama cuja proposta é a de provocar a reflexão.

Silo - Temporada 1 - Episódio 1

Se por um lado algumas mentiras podem ser fatais, como bem tentam ilustrar os comandantes do Silo, por outro conhecer as verdades também tem o seu peso. Silo, em seu Episódio 1, trata muito sobre o medo de enfrentar o desconhecido e de como ele pode ser aterrorizante.

Conheça a trilogia de livros que deu origem à série Silo

Para muitas pessoas, é mais fácil e confortável viver uma vida com limitações, mas aparentemente feliz, do que se arriscar a ter algo a mais. O preço da felicidade parece ser muito alto aqui. Trata-se de um aspecto marcante a ser explorado nos próximos episódios.

Sonho ou pesadelo?

No Episódio 1 de Silo, a apresentação da trama é feita por meio da história do casal Holston (David Oyelowo) e Allison (Rashida Jones). Eles recebem permissão para engravidar, mas após meses de tentativas ela passa a suspeitar de que há algo de errado.

Silo - Temporada 1 - Episódio 1

O que era um sonho – a permissão para gravidez é uma exceção – passa a ser um pesadelo quando uma relíquia cai em suas mãos com informações que podem indicar que fora do silo o mundo não é como se imagina.

Holston, um “homem da lei” se vê confrontado em suas crenças e valores – e é simbólico que um xerife tenha sido escolhido para essa reflexão. Há ainda figura enigmática de Bernard (Tim Robbins), cujo poder parece ser grande, mas ainda não está claro qual é.

Um ótimo Episódio 1, e que deixa no ar uma boa expectativa para os próximos. Porém, dado o estilo da trama, espero que ela não se torne repetitiva com o passar dos episódios.

Nota 9.

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