Ruby Marinho: Monstro Adolescente é simpático, divertido e despretensioso
Sabe aqueles filmes que se propõe a contar uma história simples e despretensiosa, sem inventar reviravoltas mirabolantes e sem fugir de um roteiro previsível? Assim é Ruby Marinho: Monstro Adolescente, nova animação da Dreamworks que estreia nos cinemas.
A direção é da dupla Kirk DeMicco (Os Croods) e Faryn Pearl (Trolls 2), ambos com trabalhos regulares em animações anteriores. Aqui, a dupla opta por contar uma história linear, um feijão-com-arroz, por assim dizer, em se tratando de filmes adolescentes. O resultado funciona, muito em função do belo universo criado para apresentar seus personagens.
O universo de Ruby Marinho: Monstro Adolescente
Ruby é uma adolescente que precisa lidar com questões relativas à idade: tiras boas notas na escola, conseguir se enturmar com os colegas da turma e convencer um garoto bonito a ser o par dela no baile. Além disso, o fato de ela ser azul contribui para que ela seja vista como uma estranha – ou canadense, piada que você entenderá vendo o filme.
Sua mãe, controladora, proíbe que a filha entre na água a qualquer custo. A razão nós descobrimos em poucos instantes: ela e família na verdade, são krakens, monstros marinhos vivendo em sociedade e a água do mar faz com que eles voltem à forma natural. Sem saber disso, Ruby acaba indo parar no mar, descobre a sua transformação e, com isso, arruma uma série de problemas.
Há que se ressaltar aqui a criatividade de elaborar uma história a partir do ponto de vista de um monstro marinho. Além disso, as transformações corporais de Ruby e a maneira como ela é vista pelos colegas funciona como uma ótima alegoria às transformações pelas quais passamos na adolescência. Assim, de forma lúdica, nos identificamos rapidamente com a personagem carismática, interpretada por Lana Condor (X-Men: Apocalipse) na versão original.
Um filme colorido e com cara de “Sessão da Tarde”
Adotando um tom jovial, Ruby Marinho: Monstro Adolescente se utiliza de uma linguagem capaz de dialogar bem com o público dessa faixa etária. Os jovens estão quase sempre de fone de ouvido, jogando vídeo game, navegando pelo YouTube ou curtindo alguma coisa nas redes sociais. Esse estilo de comunicação é muito bem aproveitado, em uma linguagem leve e bem-humorada.
Os dilemas que a garota enfrenta são pertinentes à adolescência. Os pais controladores – nesse caso, mais especificamente a mãe, Agatha Marinho (Toni Colette) – querendo decidir o que é melhor para os filhos, em um comportamento que passa de geração para geração, é outra característica marcante.
Da mesma forma, as expectativas dos pais, os conceitos e pré-conceitos alimentados pelos jovens e a perpetuação de tradições sem muita explicação completam um cenário com o qual não é difícil se identificar. Grosso modo, todos nós passamos na vida por um momento de tentarmos entender qual é o nosso lugar no mundo.
A antítese de A Pequena Sereia
De certa maneira, Ruby Marinho: Monstro Adolescente funciona como uma espécie de antítese de A Pequena Sereia – e curiosamente, Dreamworks e Disney/Pixar já foram mais “rivais” em um passado no qual os filmes do estúdio de Shrek tinham maior poder de atrair espectadores ao cinema.
Todavia, enquanto Ariel procura se integrar aos humanos para seguir seus próprios sonhos, Ruby Marinho compreende que não deve deixar de ser quem ela é – custe o que custar – para encontrar o seu caminho. Ambas as premissas são válidas e similares, mas usam caminhos diferentes para atingir a “liberdade”.
Ruby Marinho: Monstro Adolescente se destaca ainda pelas suas cores: tons vivos e cores claras dão o tom, mesmo nos momentos mais soturnos e terríveis, dando a entender que não há lugar melhor ou pior, mas sim uma luta da garota para compreender a si mesmo para poder desfrutar do melhor dos dois mundos.
Simpático, divertido e despretensioso, Ruby Marinho: Monstro Adolescente é um filme familiar agradável de se ver. Não deve ser nenhum sucesso de bilheteria, mas cabe muito bem como entretenimento para todas as idades.
Nota 6.
Sinopse
Aos 16 anos, a doce e desajeitada Ruby Gillman está desesperada para se enturmar no Colégio Oceanside High, mas se sente invisível quase sempre. Descendente direta das rainhas guerreiras kraken, ela está destinada a herdar o trono e a liderança de sua avó, Rainha Guerreira dos Sete Mares.
O destino de Ruby é lutar contra as criaturas mais perigosas e sedentas por poder: as sereias. E não importa o desafio, um Kraken sempre responde ao chamado.
Ficha Técnica
- Título original: Ruby Gillman, Teenage Kraken.
- Origem/Ano: Estados Unidos, 2023.
- Direção: Kirk DeMicco e Faryn Pearl.
- Roteiro: Pam Brady, Kirk DeMicco, Elliott DiGuiseppi e Brian. C. Brown.
- Produção: Kelly Cooney.
- Fotografia: -.
- Montagem: Michelle Mendenhall.
- Música: Stephanie Economou.
- Elenco principal: Toni Collette (Flora Gillman), Jane Fonda (The Warrior Queen of the Seven Seas), Ramona Young (Bliss), Sam Richardson (Finn Gillman), Lana Condor (Ruby Gillman), Annie Murphy (Chelsea), Colman Domingo (Peter Gillman), Liza Koshy (Margo), Jaboukie Young-White (Connor) e Blue Chapman (Alan Gillman).
Animação | Aventura | Assista nos cinemas
Curiosidades
Ruby Marinho: Monstro Adolescente estreou nos cinemas em 29 de junho de 2023.