The Flash é a celebração máxima do universo DC, na alegria e na tristeza, com um filme excelente
De certa forma, tudo indica que The Flash marca o fim do Universo DC como conhecemos. O fracasso de filmes anteriores, como Liga da Justiça, Mulher-Maravilha 1984 e Shazam, fez com que a Warner optasse por um reboot nas franquias, cujo trabalho deve ficar sob a responsabilidade de James Gunn com seu novo Superman.
Dito isso, é paradoxal que justamente The Flash, um filme que fala sobre voltar no tempo para tentar consertar erros do passado seja, de certa forma, a celebração máxima de todo o universo DC, com referências a filmes das últimas quatro décadas. Tudo isso é repassado de forma bem-humorada e com um roteiro muito bem amarrado, resultando naquele que, talvez, seja um dos melhores filmes da DC.
As múltiplas faces de The Flash
Barry Allen (Ezra Miller) é um jovem com uma vida introspectiva, sem amigos e, claramente, confuso. Ele é também o alter-ego de The Flash, um super-herói que trabalha com a Liga da Justiça, combatendo o crime e salvando o dia.
Entretanto, sua obsessão é entender os motivos que levaram à morte da sua mãe. Ainda pior: o pai foi preso sob acusação de ser o assassino, e Allen tenta provar a inocência dele. Contudo, nada do que faça será capaz de trazer sua mãe de volta – a menos que ele possa voltar no tempo e, de alguma forma, alterar os acontecimentos.
A premissa pode não ser nada original, e quem viu a série de TV certamente já tem uma ideia dos rumos que as coisas vão tomar. Entretanto, não se trata do que acontece, mas sim de como a trama se desenrola. E nisso, o trabalho de roteiro de Christina Hodson (Bumblebee) se mostra excepcional.
The Flash é uma comédia de ação
A opção do diretor Andy Muschietti (It: A Coisa) em suavizar o tom e, predominantemente, apostar na comédia sobre a ação se mostra acertada. Em vez de se levar a sério, a produção ri de si mesmo, aproveitando-se de inúmeras referências aos filmes lançados nos últimos anos e construindo um arco narrativo que justifica cada invocação do passado.
O trabalho de Ezra Miller como Barry Allen, alternando atuações entre o seu eu do presente e o seu eu de outra linha do tempo, é primoroso. Em grande parte do filme, a trama se desenrola com os dois Allens contracenando, o que por si só já seria um trabalho complexo. A composição diferenciada de personagens, aliada a escolhas técnicas que os mostram de maneiras diferentes, transforma o aspecto humano do filme em algo interessante.
Mais do que simplesmente desfilar poderes ou apresentar cenas de ação, The Flash tem um aspecto humano envolvido na narrativa que faz com que o espectador tenha interesse genuíno pelos personagens. Somos impactados por suas decisões e escolhas e, na alegria ou na tristeza, a sensação que se tem é que tudo funciona naturalmente.
A verdadeira Liga da Justiça
Ainda que seja um drama essencialmente sobre a vida de Barry Allen, The Flash é uma oportunidade de colocar a Liga da Justiça para contracenar. Batman (Ben Afleck) e Mulher-Maravilha (Gal Gadot) estão de volta, mas quem rouba a cena é Michael Keaton, o Batman da versão de 1989.
A sua escolha para o filme não só faz sentido dentro da proposta, como a impressão que se tem é a de que não poderia haver ninguém melhor do que ele. A transição entre o Batman de 1989 para o universo de 2023 não só é sublime, como também mostra o grande ator que ele é.
Quando a DC tentou ser Marvel, as coisas deram errado. Porém, quando ela opta por ser ela mesma, os resultados se mostram muito mais honestos e satisfatórios, especialmente para os espectadores. The Flash faz rir, faz chorar e encerra em si mesmo um ciclo, com uma história que tem começo, meio e fim, repleta de referências a todo o universo DC nos cinemas.
Aquilo que vivemos no passado nos molda para sermos aquilo que somos hoje – seja bom ou ruim. The Flash viaja na história da DC para voltar com a resposta que parece óbvia, mas que nem sempre é valorizada: rir de si mesmo e aprender com os próprios erros é o que nos faz crescer. Que o futuro do universo da DC nos cinemas nunca mais se esqueça disso.
Nota 8.
Sinopse
Barry usa seus superpoderes para viajar no tempo e mudar os eventos do passado. Mas quando tenta salvar sua família e acaba, sem querer, alterando o futuro, ele fica preso em uma realidade na qual o General Zod está de volta, ameaçando colocar o mundo em risco, e não há super-heróis a quem recorrer.
A não ser que que Barry consiga persuadir um Batman muito diferente a sair da aposentadoria e resgatar um kryptoniano preso… mesmo que não seja exatamente quem Batman está procurando.
Ficha Técnica
- Título original: The Flash.
- Origem/Ano: Estados Unidos, 2023.
- Direção: Andy Muschietti.
- Roteiro: Christina Hodson e Joby Harold.
- Produção: Michael Disco e Barbara Muschietti.
- Fotografia: Henry Braham.
- Montagem: Jason Ballantine e Paul Machliss.
- Música: Benjamin Wallfisch.
- Elenco principal: Ben Affleck (Batman / Bruce Wayne), Sasha Calle (Supergirl), Michael Keaton (Batman / Bruce Wayne), Michael Shannon (General Zod), Ezra Miller (Barry Allen / The Flash), Antje Traue (Faora-UI), Temuera Morrison (Tom Curry), Ron Livingston (Henry Allen), Saoirse-Monica Jackson (Patty Spivot) e Kiersey Clemons (Iris West).
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Curiosidades
The Flash estreou globalmente nos cinemas em 15 de junho de 2023.