Unidas Pela Esperança

Unidas Pela Esperança deixa lição de que o pouco para uns pode ser muito para outros

Unidas Pela Esperança

Se a guerra por si só já é algo abominável sob qualquer ponto de vista, as dores e os traumas que ela deixa são ainda mais aterrorizantes. Unidas Pela Esperança observa a guerra por um viés menos explorado – o das esposas dos militares, que ficam em suas casas mantendo suas vidas e fingindo que há uma normalidade em tudo isso.

Baseado em uma história real, o filme mostra a história de um grupo de mulheres que moram em uma vila militar e precisam ocupar a mente enquanto seus maridos vão à guerra. Se a premissa e os primeiros minutos da produção parecem colaborar para mostrar o sexo feminino como um papel secundário em meio ao conflito, aos poucos vemos que na verdade não é bem assim.

A saudade de quem fica é sempre pior

Quando os homens partem para a guerra há um misto de sensações. Alguns de fato carregam ódio no peito, enquanto outras veem na aventura um chamado irrecusável. Para as mulheres que ficam e precisam manter suas rotinas, cuidando da casa e dos filhos, a dor certamente é maior, pois a elas não é dada uma escolha.

Unidas Pela Esperança

É nesse cenário que temos Kate (Kristin Scott Thomas) e Lisa (Sharon Horgan), mulheres com personalidades completamente distintas, mas lutando cada uma a seu modo para sobreviver. Kate tem necessidade se assumir o controle das coisas, mas é vista como arrogante. Seu desejo é criar atividades que possam entreter as mulheres em dias de semana. Lisa parece ter seus próprios problemas e não vê nos encontros algo de muito valor, porém é mais bem-quista pelas demais.

Diferentes, mas complementares, elas assumem a tarefa de formar um coral e fazer com que, ao menos durante os encontros, as mulheres possam esquecer a saudade enquanto cantam suas canções. O gesto cai no gosto dos militares e a coisa toma proporções gigantescas – o motivo que dá origem ao filme é baseado em uma história real.

Uma trajetória escrita com sutileza

Peter Cattaneo, diretor de Unidas Para Sempre, tem em seu currículo produções como Ou Tudo Ou Nada e O Roqueiro. Filmes interessantes, mas nenhum deles com a sensibilidade necessária como aqui. E, apesar de alguns tropeços no início e, principalmente, no final do filme, o resultado entregue ao espectador é bastante satisfatório.

Unidas Pela Esperança

Se nas primeiras cenas há um certo desconforto pelo fato de vermos as mulheres como “menos importantes”, no ponto de vista dos militares, é claro, por outro essa impressão se desfaz á medida que a história se desenrola, a ponto de conseguir arrancar lágrimas do espectador nos momentos de clímax.

Sem spoilers, a sequência final poderia ser mais bem explorada. Trata-se um marco sem precedentes e que, na realidade, teve consequências positivas significativas – mostradas nos créditos da produção. Porém, da forma como é conduzido faz parecer que o clímax, na verdade, veio antes do fim – o que não deixa de ser uma interpretação possível do diretor, mas certamente menos atrativa para a trama.

Unidas Pela Esperança deixa no ar uma lição de aprendizado e superação, mas principalmente, é uma redescoberta possível dentro de cada um de nós. Ainda que tenha um clima de “Sessão da Tarde”, ainda assim mostra que uma história simples, quando bem explorada, pode ser capaz de proporcionar um conforto tão grande quanto o de produções artisticamente mais ricas. Guerras à parte, a produção é bonita e singela ao retratar o horror injustificável da perda de um modo sóbrio, sem perder a oportunidade de reflexão.

Nota 7.

Sinopse

Um grupo de militares ingleses vai ao Afeganistão servir durante a guerra e suas esposas ficam em casa, todas em uma vila militar. Em busca de maneiras para aliviar a saudade dos companheiros, elas decidem se unir e montar um coral – que acaba se tornando um grande sucesso.

Porém, Kate e Lisa, as duas mulheres à frente do projeto, têm pensamentos distintos com relação ao rumo dos trabalhos e esse embate fará com que cada uma delas tire valiosas lições da situação.

Ficha Técnica

  • Título original: Military Wives.
  • Origem/Ano: Reino Unido/2019.
  • Direção: Peter Cattaneo.
  • Roteiro: Rachel Tunnard e Rosanne Flynn.
  • Produção: Rory Aitken, Ben Pugh e Piers Tempest.
  • Fotografia: Hubert Taczanowski.
  • Montagem: Anne Sopel e Lesley Walker.
  • Música: Lorne Balfe.
  • Elenco principal: Kristin Scott Thomas (Kate), Sharon Horgan (Lisa), Emma Lowndes (Annie), Gaby French (Jess), Lara Rossi (Ruby), Amy James-Kelly (Sarah) e India Amarteifio (Frankie).

Curiosidades

Unidas Pela Esperança foi exibido pela primeira vez Festival Internacional de Toronto, no Canadá, em 6 de setembro de 2019. No Brasil, estreou nos cinemas em 14 de janeiro de 2021.

Unidas Pela Esperança é baseado em uma história real contada no documentário The Choir: Military Wives, produzido pela BBC.

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